Oscar 2011: Cisne Negro

Outro candidato ao Oscar de Melhor Filme é Cisne Negro, que acredito, que levará mesmo o prêmio de Melhor Atriz. O filme conta a historia de Nina, uma bailarina dedicada, que finalmente vê a chance de ser a protagonista de célebre “O Lago dos Cisnes”.

Não sei se vocês conhecem realmente a história. (Sei que eu não sabia, pra mim valia o que é contado no filme da Barbie.) É assim: uma garota virginal, pura e meiga, presa no corpo de um cisne. Ela deseja liberdade, mas apenas um amor verdadeiro pode quebrar o feitiço. Seu desejo quase se concretiza na forma de um príncipe. Mas antes que ele declare seu amor, a luxuriosa gêmea, o Cisne Negro, o engana e o seduz. Devastado, o Cisne Branco sobe num penhasco e se mata. E na morte, encontra a liberdade.

O diretor do espetáculo (o charmosíssimo Vincent Cassel) não acredita que Nina daria conta do papel, por ser muito disciplinada, séria e fechada. Que para ser o Cisne Negro, ela teria que perder esse controle que ela exibe. E com essa pressão sobre ela, ela vê uma colega de elenco, Lilly (a Jackie de That 70’s Show) como ameaça a seu papel, que é descontraída e chama atenção por onde passa, exatamente o oposto de Nina. A partir desse conflito, a personagem principal entra em crise e passa a descer a um nível sombrio, quase adquirindo uma personalidade que não é dela.

O balé não é algo muito abordado em filmes, e virou um prato cheio na mão do diretor Darren Aronofsky. Ele tem um estilo único de dirigir, que podemos ver muito bem em “O Lutador”, onde ele reergueu a carreira de Mickey Rourke, que ganhou o Oscar de Melhor Ator.

Isso porque os dois filmes perambulam e expõem bastidores pouco conhecidos e falados de um determinado nicho, a partir de um personagem forte. Em O lutador, Rourke interpreta um astro dos ringues de luta livre no final de sua carreira. As lutas extremas colocam seu corpo no limite, fazendo-o ter que escolher entre encerrar a carreira e ficar esquecido ou morrer lutando.

O único problema do filme é que, suspense é um gênero difícil e infelizmente Aronofsky utiliza, ou melhor, se perde em soluções baratas, algo já feito ao extremo por outros cineastas. O resultado é um trash artístico que agrada à primeira vista, mas perde força conforme o filme amadurece na memória.

Com poucos efeitos, O Lutador é composto por pura atuação, no caso, apenas pela atuação de Rourke. Em Cisne negro, Natalie Portman consegue sustentar muito bem este peso, evoluindo e amadurecendo a personagem principal numa trama mais densa. Ela treinou balé durante um ano e emagreceu mais de dez quilos para a personagem.  

Não foi por menos que Natalie Portman venceu o prêmio de Melhor Atriz no Globo de Ouro, no Sindicato de Atores (SAG) e no BAFTA. Mesmo a atriz sendo favorita, será difícil à produção, como um todo, desbancar o Discurso do rei e A rede social. Com ou sem prêmios, o filme merece ser visto na telona.

Cisne Negro (Black Swan), EUA, 2010

Direção: Darren Aronofsky

Com: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Wynona Ryder, Barbara Hershey.

Indicado a 5 Oscar: Melhor filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Fotografia e Melhor Edição.

Ganhou o BAFTA, Globo de Ouro e o Sindicato de Atores de Melhor Atriz, e mais 22 prêmios. E foi indicado a 70.




Resenha por Ligya M.


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Eu ainda não vi o filme, mas como fui bailarina, acabei entrando em um debate sobre alguns pontos tocados pela obra cinematográfica. 
O debate está no blog da Caminhante Diurno, que também foi bailarina. O texto está dividido em duas partes e contém alguns spoilers (leia por sua conta e risco, se não viu o filme). Caso tenha visto, poderá ver um pouco do ponto de vista de quem já esteve dentro do mundo da dança. Meus comentários estão na sequência do segundo port.


Caminhante Diurno - Cisne Negro | parte 1


Caminhante Diurno - Cisne Negro | parte 2


Por Nika


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Cisne Negro concorre a Oscar de Melhor Filme e Natalie Portman a Melhor Atriz. Na minha opinião, ela poderia ganhar o prêmio, mas o filme não. A atuação dela é à altura de uma consagração da Academia, porém, o filme não passa de "só mais um". *torcendo para não termos outra zebra no Oscar, como em 2010*

Mesmo não sendo polido, vou ser dura com as palavras. Cisne Negro, para mim, não passa de um filme que conta a história de uma garota que enlouquece. Ela é uma vítima. Do sistema, da mãe, da profissão e do que a profissão fez com ela.

Li a resenha da Ligya e uma outra em um blog de uma ex-bailarina, sob a ótica de quem já viveu dentro desse meio artístico.
Mesmo assim, pouco me convenceu a achar o filme muito bom, ou ótimo, ou maravilhoso. A história em si não tem graça, é sombria e cruel. Suspense precisa disso, certo, concordo. Levei alguns sustos, e isso é válido, ponto positivo para o filme.

Entretanto, no decorrer do filme eu me senti entediada. Mesmo achando nuances muito interessantes e criativas, como perceber que a loucura dela e suas alucinações nada mais eram do que o fato de ela estar entrando tão profundamente na personagem do Cisne Negro, que estava chegando a se transformar em um. Isso eu achei muito legal e criativo.

Mas... (sempre tem um 'mas'), não senti a emoção que espero sentir todas as vezes que subo os degraus da sala e me esforço para encontrar o melhor lugar entre as cadeiras, tudo para ter a melhor visão da telona. O filme não me convenceu e não me cativou. Já vi muitos outros filmes de Sessão da Tarde, como por exemplo, Os Goonies, que eu amooo, e que choro toda vez no final. Não estou me referindo a finais felizes. Eu também gosto de finais tristes e choro no final quando a história não mostra o que meu coração deseja, mas quando ela me conquista. E isso não aconteceu com Cisne Negro.

Cheguei a pensar, no meio do filme, que o coreógrafo Thomas, estava fazendo todo o jogo de sedução e pressão em cima de Nina, para vê-la transformar-se na bailarina não só técnica, mas apaixonada. E que enfim, ela perceberia, grata, que ele tinha que empurrá-la para essa transição, mesmo sendo dolorido, como todo o processo de mudança é. E que então, seu grande sonho de ser a bailarina do momento, a solista amada e ovacionada se tornasse realidade. Ela iria então, amadurecer profissionalmente e todos viveriam felizes para sempre, (isso no caso de um final feliz).

Quando eu vejo um filme, eu torço pelo personagem. Eu torci por Frodo (Sr. dos Anéis), torci por Jake Sully (Avatar), torci por Scarlet O'Hara (...E O Vento Levou), torci por Jake e Rose (Titanic), torci por Francesca e Robert (As Pontes de Madison), só Deus sabe como torci por Francesca e Robert, e como eu queria abrir aquela maçaneta de porta e jogar Francesca fora daquele carro para os braços de Robert. Nem todos estes filmes tiveram finais felizes, mas eu os amo de todo o coração.

Cisne Negro não está nesta lista. Eu me frustrei por ter torcido por Nina e ver que ela fracassou, e que mesmo em seu fracasso ela não conquistou meu coração. Ela tinha tudo para dar a volta por cima, tinha talento, técnica, dedicação, mas o roteirista, diretor, produtor, ou o que seja, não explorou a história da maneira como, na minha opinião poderia ter feito. Talvez, algo simples, como uma homenagem póstuma a maior bailarina da atualidade, aquela que revolucionou qualquer versão da peça, que depois dela O Lago dos Cisnes nunca mais seria interpretado da mesma forma, já teria me satisfeito mais do que simplesmente aquele final frio e sem sal. Nem o desenrolar da história salvaram o final de Cisne Negro, para mim.

O Lago dos Cisnes poderia ter ficado para a história, com a interpretação de Nina, assim como Titanic nunca mais será interpretado da mesma forma, como foi com Jake e Rose.


Resenha por Fad's