(Esse texto possui SPOILERS de Once Upon a Time, Star Wars e Lost.)
Há um tempo atrás, andei
conversando com uma amiga sobre o Hook, de Once Upon A Time. Minha amiga não
gosta do personagem, tentou me explicar o porquê, mas confesso que não entendi bem
os motivos. E tentei defende-lo, tanto suas fraquezas quanto sua
personalidade. Mas ainda ela não se
convenceu. Pensando nisso dias depois, eu acabei o comparando com dois
emblemáticos anti-heróis da TV e do cinema, respectivamente: James “Sawyer”
Ford, de Lost; e Han Solo, da saga Star Wars.
Não estou aqui tentando
convencê-la novamente. Apenas achei curiosa a semelhança entre personagens tão
diferentes, de épocas e de lugares tão diferentes, mas ao mesmo tempo com a
mesma atitude quando se refere ao algo maior que seu egoísmo e individualidade.
Primeiro, vou destrinchar os
personagens, e depois fazer um paralelo sobre as semelhanças de atitude e depois
do que fizeram nas situações que se encaixaram.
Vamos começar com Hook, ou
Capitão Gancho, de Once Upon a Time. Hook é feito pelo ator irlandês Colin
O’Donoghue. Tem 32 anos, cabelos pretíssimos e olhos azuis desconcertantes.
Quando assisti ao filme “O Ritual”, quase não o reconheci. Na série, Colin usa
lápis de olho, uma eterna barba por fazer e roupas de couro. E claro, um
gancho. E como tudo em Once Upon a Time, a história de Hook é bem diferente da
historia de J.M. Barrie. Hook tenta se vingar do homem que matou sua amada: o
ex-marido dela, que tratou tudo como uma questão de defesa da honra. E Hook
passa 300 anos tentando matar “seu crocodilo”.
O próximo é Sawyer, da extinta
e saudosa série Lost, que é aquele brucutu em forma de homem loiro e perfeito,
feito por Josh Holloway (um dos 10 homens mais sexy do mundo pela revista
People em 2005). Ele também é movido pela vingança: matar o homem, o verdadeiro
Sawyer, que fez uma trapaça com seu pai, que antes de se matar, matou a mãe.
James Ford – nome verdadeiro - cresceu sem os pais e se tornou o homem que ele
odiava, aplicando golpes, até mesmo a trapaça que o verdadeiro Sawyer praticou
com seus pais.
E por último, Han Solo de Star
Wars, quem Sawyer – como os próprios produtores disseram – foi baseado.
Harrison Ford, em inicio de carreira, mostrando a que veio e virando
celebridade instantânea (apesar da descrença da mídia em relação ao 1º filme).
Solo é um contrabandista, um mercenário. Ele é dono da sucata mais rápida da
galáxia e tem um ‘Tapete’ como melhor amigo. Ele entra na historia de Star Wars
aceitando o trabalho – remunerado, claro – em levar dois tripulantes e dois
dróides até Alderran. Solo tem uma divida com um credor, quem o caça até o fim.
E nesse meio tempo, se vê envolvido na batalha entre a República e o Império,
sem saber se luta ou não.
Os três personagens não tem
como ser mais parecidos. Mesmo um sendo do universo de contos de fadas, outro, um
terráqueo e o terceiro vivendo em outro planeta. Mas os três tem o ponto em comum
de lutar por um bem comum. Mas há outro
ponto também: a máscara. A fuga. Só assim ninguém sabe quem ele é de verdade.
Assim ninguém pode saber sua fraqueza. Nem tirar vantagem dele.
Os três são lindos homens, com
um grande apelo sexual, usando isso como arma. São o que chamam de “ladies’s
man”, o mulherengo. Aquele que sorri, flerta e elogia. As vezes para conseguir
algo, as vezes para causar uma impressão. Nem sempre funciona, mas não há
ninguém que não seja atingido.
Outro ponto em comum é a
inteligência e arrogância. Os três são afiados e grandes jogadores. São focados
e não medem esforços para terem o que quer.
Hook, por exemplo, se aliou aos vilões, deu um tiro em uma inocente, fez
escolhas erradas e não entende porque ninguém confia nele. Quando sua máscara
cai, ele automaticamente a põe de volta. A justiça (pelo menos na cabeça dele)
tem um preço: a solidão. Ninguém compreende o que ele sente. E ele não deixa
ninguém compreender. Ele só deixa transparecer a revolta, a vingança. Usa a
astúcia que adquiriu em seus 300 anos para seguir infinitamente na sua
tentativa e erro.
O mesmo acontece com Sawyer,
que se viu obrigado a viver numa comunidade em que a melhor alternativa de
sobreviver, era o companheirismo. Ele também usava a máscara: os sorrisos, as
cantadas, as piadas, os apelidos. Sawyer era culto, inteligente, ousado, e
feroz. Não se importava com nada e era capaz de tirar Yoda do sério. Ele era
grosso, chato, e mal-humorado. Parecia um garotinho que ouviu um não permanente
da mãe. Ele mentiu, sacaneou, escondeu comida, inventou historias, se recusava
a ajudar (a não ser em troca de beijos da Kate) e apanhava de todo mundo na
série. Mas a ilha de Lost se tornava um lugar terrível conforme o tempo
passava. Sawyer viu que a marra não ajudava sua própria situação ali e sua
máscara começou a cair.
Solo, por outro lado, era um
bonachão. Sabe-se que ele era órfão, apanhou horrores na
sua infância, chegou a ser Tenente Imperial, e que seu coração o impediu de
continuar ás ordens do Império. Sua personalidade não mudou conforme a trilogia
original passava. Um cara prático, materialista, um canalha – nas palavras da heroína
Leia Organa - não respeita regras, atua no submundo, faz trapaças, mas ele em
nenhum momento mata um inocente por capricho.
Ele entra na historia como um mercenário, a principio só o transporte dos
heróis da saga, mas novamente seu coração o trai. Novamente ele vai contra o Império. Ele vira
herói, e ganha o coração da mocinha no final.
Outro ponto importante para os
anti-heróis: pelo o que lutar. Hook consegue
uma vitória pequena contra seu crocodilo, o que apenas o faz cair de joelhos
diante de outro objetivo: a mocinha da história. Ele deixa claro isso, e sua
motivação o faz correr riscos, aqueles que ele jurou nunca mais correr. Vemos
essa determinação nos olhos de Sawyer, e também nos olhos de Solo. O bem comum
para atingir o coração da amada. Suas máscaras caem e esconder isso não é uma
tarefa fácil, quando se quer que ela veja a verdade.
Adoro esse tipo de exploração
de conflitos em personagens assim, o fator que os levou a possuir esta
personalidade e as consequências do caminho que ele escolheu. Como eu disse,
quase sempre este comportamento é apenas uma máscara para esconder uma dor
profunda. As pessoas são assim, tem seus conflitos internos, suas culpas e
fantasmas, quando você acrescenta isso em um personagem o torna mais humano.
Os anti-heróis, que por não
seguirem um padrão idealizado de perfeição no comportamento, muitas vezes
acabam sendo mais interessantes que os heróis comuns.
E então, há alguém anti-herói
que se encaixa nesse padrão?
Cara, adorei esse texto o.o
ResponderExcluirNão sou de ler resenhas e análises com frequência, mas me chamou a atenção por ser sobre três personagens de quem gosto tanto (principalmente Sawyer e Hook) e adorei as comparações feitas.
Sou realmente doida por esses caras e adorei o texto!
Thanks darling!!!
ExcluirEntão... depois do mimimi na divulgação do texto, eu pensei em não ler, também pelo tema abordado. uashuashuashuasha.... Mas, qual não foi a minha surpresa ao descobrir que sou citada no texto e que a minha discussão sobre Hook te levaria a produzir um texto tão legal. Gostei muito também.
ResponderExcluirMas, continuo não gostando do Hook. E eu acho que talvez eu nunca venha a gostar dele em OUAT. Pra mim ele é indiferente na série. Repito, quando divulgaram que ele apareceria eu esperava mais um vilão dos bons, pra quebrar o pau com Regina e Gold. Daí ele se mostrou o tipo de cara que eu desprezo, que tenho nojo. E depois, de vilão ou anti-herói se tornou um cachorrinho lutando pra ser aceito no grupo dos bonzinhos e conquistar a manda chuva da cidade. Enfim... não me agrada. (e o fator beleza não tem a ver com isso, ok?).
Não vejo todos esses conflitos no personagem, pq afinal, não acho que ele tenha vivido tantos sofrimentos, perdas e conflitos na sua juventude que o levaram a se tornar quem o anti-herói das máscaras. Minha leitura é de que ele perdeu o sentido da vida e tocou o botão do foda-se, pilhando, matando e roubando sem se importar com nada. Ele só era um cara idiota que fazia qq coisa por ser idiota. Se tivessem mostrado mais sua jornada em busca de vingança, algumas frustrações e mágoas novas pelo fato de não conseguir se vingar, etc... daí teria acrescentado mais carga emocional no personagem. Ele simplesmente encontra o crocodilo, tenta se vingar, não consegue e depois desencana, troca seu foco, seu objetivo de vida. Daí pra frente só passa a pensar com a cabeça de baixo. E como disse, detesto caras assim.
Bem, mas essa é a minha leitura.
Dos outros personagens não vou falar pq não conheço da história deles.
Mas, o texto ficou muito legal sim.