terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fragmentos de História da Vaidade


Bem, se tem algo que define um nerd é a curiosidade, certo?

A segunda característica é, provavelmente, a obsessão por um assunto qualquer, coisa que pode ir da física quântica à, no nosso caso, esmaltes (que podem ser vistos como um ramo da química).

Anyway...

Logo, atentas que somos à curiosidade nerd (nossa e alheia), iremos postando por aqui alguns fragmentos interessantes sobre a história da vaidade. Sim, história. Ora, você certamente não imagina que tudo sempre foi assim tão fácil, não é? Que, desde sempre, bastava levar um livrinho para abstrair da conversa de salão, se entregar a mãos competentes e voilá: o milagre estava feito, você passava com facilidade de uma nerd de óculos à uma mulher de aparência aceitável (de óculos).

Não, não. A mulherada podia não ter salões, creminhos, todos os leave in possíveis, mas dava seu jeitinho. O importante era o resultado e, claro, chamar uma atençãozinha básica para o visual.
Há uns 200 anos atrás não era diferente. Estamos falando do Brasil, mais propriamente, do Rio Grande do Sul de 200 anos atrás. E, acreditem, estar longe da corte não era o suficiente para fazer com que as mulheres que ai viviam esquecessem que uma frescurinha alegra a vida.
Imaginem, uma festa.

Longos cabelos para serem arrumados, penteados, embelezados.

Lavar?

Água de bica (na cidade) ou de rio (no verão, em ambos os casos). Nem imaginem que se lavava a cabeça no frio do inverno, ou na época das regras, ou... interdições não faltavam.

Pentear? Claro.

As maçarocas eram domadas com um pouco de óleo. O de mocotó era famoso por aqui, mas era preciso macerá-lo com ervas para tirar o cheiro forte.

E os enfeites?

Bem, flores seriam a primeira opção, mas não a única. E se a garota em questão quisesse “causar”? Se a garota em questão quisesse algo... assim:


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Convenhamos que para o início do século XIX, o penteado é lindo. Mas aqueles brilhinhos... como consegui-los? E, morando no fim do mundo? Sem falar na pobreza atávica dos primeiros povoadores. Isso seria suficiente para muita gente desistir, mas se vocês acham que a criatividade das(os) brasileiras(os) é recente, é melhor repensar e olhar abaixo.

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Você conhece este bichinho?

Não?

Meninas da cidade... ¬¬ Isso é um vaga-lume ou pirilampo. Inseto bem comum na fauna das nossas matas. Quem foi criança há mais tempo, talvez se lembre de pegá-los com um vidro que, depois de cheio e tampado, era levado para iluminar reuniões “secretas” ou fazer às vezes de vela em rodas de história de terror.

Porém, alguém com habilidade, pode pegá-los assim:


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Eles não são muito rápidos no voo.

Mas você já adivinhou o que nossas ancestrais faziam, não é?

Exatamente.

Os penteados festivos vinham cheios dessas luzinhas lindas e “naturais”, que eram gentilmente enroladas nos fios. Óbvio que os bichinhos tinham de estar vivos, senão não tinha efeito algum.
O fato foi atestado por um dos viajantes que passou pelo RS nas primeiras décadas do século XIX, o inglês John Luccock. Como foi o único a documentar o fato, se pode se perguntar se foi uma moda passageira, ocasional ou fruto de uma crise sem par de criatividade.

Por mim, fico com 3 imagens que não me saem da cabeça.

1. O desespero do bichinho preso no cabelo.

2. A ideia de insetos vivos ou mortos enroscados no cabelo me parece uma imagem infernal.

3. Imagine se seu par de dança não curtisse o efeito, ou se assustasse? Imagine o pobre Mr. Darcy estapeando a cabeça da Lizzye, apavorado.


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Mas, até que o efeito geral podia ser bonito, não é?

Se alguém resolver testar, mande fotos :D.

10 comentários:

  1. Amei a história, mas o test-drive eu dispenso kkkkkk

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  2. Amei, Nika. Sabia de alguns truques envolvendo bombril e outros mas não sabia disso, mesmo morando neste lado do trópico. Mais uma a aprendi! kkk

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  3. Nika, achei mto interessante a forma que elas achavam para ficarem bonitas, mas eu não colocaria vaga lumes em meu cabelo *hauhauahuahauahuahau*
    Beijos

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  4. Adorei! Confesso que essa eu não conhecia. Aliás, não conhecia o blog também (preciso prestar mais atenção aos e-mails do lado rosa- choque da força. Mas o que posso fazer se além de nerd, sou lerda?)

    Achei super legal a idéia dos vaga-lumes, é claro que eu não colocaria, mas minha mentalidade é a dos dias atuais, quem sabe se eu fosse uma moçoila do Séc XIX, eu também não estaria toda faceira andando por aí com as minhas luzinhas nas madeixas?

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  5. Ai, QUE HORROR. eheuiehieuheieuheiuehiu

    Adorei o post, mas me horrorizei com a ideia dos bichinhos no meu cabelo. Que aflição!

    ;*

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  6. No meu cabelo????????? Putz!!!! Se eu fizesse isso, seria como o Bob Marley, que tinha mais de 60 espécies de piolho nos rastas que exibia com orgulho. Ughhh... Os danadinhos nunca mais conseguiriam ser retirados das minhas madeixas enroladinhas.

    "Obrigada Senhor, pela tecnologia do século XXI no ramos dos cosméticos."

    Também adorei a história!!! ;D

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  7. Nika... Mega interessante essa história e devo confessar... Quando eu era criança adorava pegar vagalumes olhar a "luzinha" e depois soltar o bichinho *.* (Pelo amor, heim?? Não colocava no cabelo por que se fizesse isso nunca mais ele acharia a "saida" kkkkkkkkkkk)

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  8. O que mais adorei foi imaginar o Mr.Darcy estapeando o cabelo de Lizzy Bennet.. kkkkkkkk.. Pobre bixinho.. Mas, e não é que a imaginação de uma mulher vaidosa pode voar longe? (com o perdão do trocadilho...)

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  9. Ai..ai..ai.. quanto mais eu leio o que tu escreve e fala sobre século XIX, mais tenho certeza que de miinha família ... kkkkkk
    Mas é verdade! Minha vó, quando eu era criança e ficava com ela, no interior do interior do RS, passava óleo de mocotó no meu cabelo para ficar forte, igualmente nas minhas pernas para engrossar e fortalecer.
    Ta brincando... imagina como não ficava de oleoso... :(
    Ainda bem que ela não sabia dessas dos vagalumes, pq eu vivia brincando de pegá-los na garrafa pet de noite... Mas isso devia ser muito chique para a mentalidade dela.. kkkkk

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  10. ui...ui...Tbém passei pela experiência de usar mocotó nas pernas e nos cabelos, mas vagalume nem pensar..........só de imaginar vagalume no cabelo, me dá um suador.
    Só dentro do vidro e mesmo assim eu ficava c/ peninha dos bichinhos e soltava eles depois q/ meus primos pegavam.....eles queriam me matar...rsrsrs

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Falar você deve. Com você, o lado rosa da força estará.